MC 1 - A FONTE DE ORIGEM INQUISITORIAL PARA A PESQUISA DOS CRISTÃOS-NOVOS NA AMÉRICA PORTUGUESA
 
Priscila Gusmão Andrade (PPGH-UFPE)
 
O presente minicurso se propõe trabalhar com as possibilidades de uso da fonte de origem inquisitorial portuguesa, para a pesquisa do historiador. O tribunal atuou entre fins do século XVI ao início do XIX no país lusitano, produzindo uma vasta documentação ao longo desse período. Tendo enquanto principal função a fiscalização da população para a “boa manutenção da fé católica”, vai construir na sociedade que estava sob domínio português, um clima de medo constante, de ser alcançado pelas malhas inquisitoriais caso cometesse algum “crime” que se encaixasse na alçada do mesmo. Na América portuguesa não houve um tribunal instituído, mas estávamos submetidos ao de Lisboa, havendo diferentes estratégias inquisitoriais, para que o “clima de vigilância” estivesse presente por essas terras. Os cristãos-novos foram amplamente perseguidos pela inquisição ibérica durante todo o período de funcionamento da instituição. Resultando em uma ampla documentação que pode ser vista enquanto fonte para a pesquisa histórica. Esse minicurso pretende discutir sobre essas possibilidades de pesquisa, trabalhando os debates historiográficos sobre a instituição e a documentação produzida pela mesma.
 
 
MC 02 – O USO DE FONTES HISTÓRICAS NAS PESQUISAS DA HISTÓRIA SOCIAL EM INTERFACE COM A POLÍTICA: POSSIBILIDADES E PROCEDIMENTOS
 
Arthur Manoel Andrade Barbosa (PPGH - UFCG)
Lucas Tadeu Borges Viana (PPGH - UFCG)
 
Este minicurso visa discutir a utilização de documentos oficiais e partidários como fontes de pesquisa para produção de trabalhos acadêmicos na linha da História Social em interface com a História Política. Os proponentes partem do pressuposto que o uso das fontes oficias e partidárias requerem que o pesquisador conheça o desenvolvimento da sua produção e utilização, bem como as propostas teórico-metodológicas e práticas para o seu uso nas investigações históricas, adotando na sua pesquisa a postura mais consequente possível no tratamento e análise desse material. Sendo assim, os cursistas serão levados a interagirem com essas fontes históricas a fim de compreenderem suas características particulares e os procedimentos mais usuais a serem adotados. A sugestão oferecida é de pensar as possibilidades de trato com o corpus documental supracitado para que, sobretudo o público alvo do presente minicurso – discentes em fase de escrita dos trabalhos monográficos – possam refletir o trabalho com fontes, uma vez que, mesmo com excelentes orientações, os alunos e as alunas da graduação apresentam dificuldades em dar o ponta pé inicial na produção escrita, muitas das vezes, confusos entre quais caminhos seguir no que diz respeito as teorias, métodos e sua relação com as fontes. Desta feita, propõe-se discutir pressupostos metodológicos ligados à análise de documentos partidários, tais como atas, teses apresentadas em congressos, panfletos e revistas partidárias na linha da História Política numa perspectiva do materialismo histórico. Da mesma forma, serão abordados no campo da História Social, processos trabalhistas, com enfoque para o diálogo entre o Direito e a classe trabalhadora provenientes da luta de classes no interior da Justiça do Trabalho. Assim sendo, nossa proposta dirige-se a pesquisadores que se interessam pelos campos de estudos acima citados, estabelecendo um diálogo que promova desdobramentos e avanços na execução do uso das fontes históricas. A ideia é fornecer subsídios teóricos e práticos, articulando o arcabouço conceitual com o trato empírico das fontes mencionadas, proporcionando, assim, maior aprofundamento nas pesquisas enquadradas nesse debate.
 
 
MC 3 – HISTÓRIA E TRAUMA NOS MODERNOS TEMPOS SOMBRIOS: GUERRAS, GENOCÍDIOS E REGIMES DE EXCEÇÃO NA LITERATURA FICCIONAL.
 
Gervácio Batista Aranha (PPGH-UFCG)
 
O objetivo deste minicurso é refletir sobre a emergência da literatura do trauma, também conhecida como literatura da catástrofe ou literatura de testemunho, no tocante às potencialidades aí reveladas para representar a vida trágica em eventos históricos marcados pela negação absoluta da condição humana, começando pela Shoah (palavra em hebraico que remete à noção de extermínio, daí a remissão ao termo holocausto) e desdobrando-se nesses últimos anos para outros tantos eventos traumáticos e/ou dolorosos. Sua retratação em rico acervo literário-ficcional, engajado na expressão da palavra, há se revelado um dos canais mais consequentes de apreensão de seu significado mais profundo, presentes em contos e romances seminais a respeito. Isto ocorre, entre outras razões, porque o trauma marca a vida de personagens criados ficcionalmente que se oferecem como encarnação de pessoas reais que carregam a ferida de um dia terem feito uma descida ao inesquecível “inferno” tudo levando a crer que a força dessa literatura reside exatamente no ponto aludido. Pensada para três dias, a proposta se estrutura nos seguintes termos: 1º dia:  reflexões sobre literatura do trauma e sua apreensão teórica em sintonia bibliografia atualizada sobre o tema; 2º dia: apresentação de romances politicamente engajados com suas visões ácidas em torno da guerra moderna ou de genocídios contemporâneos; 3º dia: apresentação de contos e romances igualmente engajados em se tratando de regimes de exceção, a exemplo de Brasil, Chile e Argentina, os quais se ancoram no pressuposto de que arte e vida são inseparáveis, e que vieram à tona para dizer as ditaturas militares foram uma desgraça em tais países, em que os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres, tudo regado a torturas/desaparecimentos e cerceamento das liberdades democráticas, com a censura à imprensa, ao cinema, teatro e música entre outras práticas abomináveis e nefastas.
 
 
MC 4 – FONTES DOCUMENTAIS E ESCRITAS DE SI
 
Leonardo Sousa da Silva (PPGH –UFCG)
Júlio Cesar Miguel de Aquino Cabral (UFCG)
 
Na década de 40 do século passado, o proeminente historiador Francês, Marc Bloch, escreveu as seguintes palavras: “[...] o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, ali está a sua caça”. Para perseguir nossa caça, nós, historiadores, fazemos uso de diversas estratégias: buscamos indícios, rastros da passagem pretérita dos homens e as transformamos em fontes históricas. Ao longo do século XX, a ciência histórica alargou, significativamente, a noção de documento histórico, englobando, assim, materiais antes negligenciados por sua natureza subjetiva: diários, memórias, cartas e autobiografias, enfim, tudo aquilo se convencionou chamar de “escritas de si”. Nesse minicurso, objetivamos discutir a contribuição desse tipo de fonte em pesquisas históricas, sobretudo em pesquisas que se inserem no campo da história das sensibilidades. Nesse sentido, abordaremos diferentes maneiras de se trabalhar com esse tipo de documentação, apresentando suas especificidades, assim como as metodologias e as questões epistemológicas que perpassam as pesquisas históricas que trabalham com “as escritas de si”. Para esse fim, analisaremos documentos de três sujeitos cujo história está no alvo de nossos olhares. Um bispo, um padre e uma professora, respectivamente: Dom José Maria Pires, Pe. Luís Gonzaga e Luzia Soares. Utilizaremos os estudos de Michel Foucault (1983), Ângela de Castro Gomes (2004), Lilian Lacerda (1999) e Sandra Pesavento (2007). Se levarmos em consideração a metáfora antropofágica de Bloch, podemos afirmar que as narrativas de si se configuram como um núcleo privilegiado para se atingir os sentidos, os afetos, os sentimentos, os cheiros, enfim, as maneiras de sentir e de experienciar o mundo. Iremos no faro das sensibilidades, buscaremos provocar questionamentos e inspirar sobre escritas de si, partindo das análises dos escritos desses sujeitos, nos propomos a motivar outras escrituras também sensíveis à carne humana.
 
Palavras-chave: Escrita de Si, Fontes Documentais, Sensibilidades.
 
 
MC 05 – GÊNERO E HISTÓRIA: TRAJETÓRIA DE UM DIÁLOGO E PERSPECTIVAS ATUAIS DE PESQUISA
 
Ana Karoline Lima de Morais (PPGH/UFCG)
Eulina Souto Dias (PPGH/UFCG)
 
Este minicurso pretende pensar os desafios para o historiador que tem se debruçado sobre os estudos de gênero na sociedade contemporânea tendo em vista que o gênero é produto de múltiplos encontros e de múltiplas relações. Ele se constitui por meio de práticas educativas, desse modo, formas de poder governam sujeitos a seguirem padrões estabelecidos acerca do lugar do masculino e do feminino na produção cultural dos gêneros. Nesse sentido, pensar o gênero enquanto construção histórica interessada e cercada por relações de poder/saber se faz importante na sociedade atual visto que os discursos que cercam esta categoria tentando enquadra-la em uma instância ligada ao biológico crescem em uma velocidade rápida. Desta forma visa-se não apenas trabalhar o conceito de gênero, mas  ensa-lo enquanto uma categoria analítica para se compreender as sociedades passadas, para isso, é necessário não apenas mostrar como a História enquanto saber acadêmico se abriu para tais discussões, mas também apontar como este debate vem se atualizando e se modificando ao longo das décadas. Para tanto, buscaremos trazer um balanço dos/as principais autores/as estrangeiros/as e nacionais que contribuíram para a entrada do gênero enquanto categoria de análise no saber Histórico contemporâneo. Procuramos mostrar como a relação entre a História e o conceito de gênero tem sido frutífera no questionamento de identidades tidas como fixas e imutáveis, bem como mostrar o alargamento da perspectiva histórica por meio deste conceito. Por fim, apontaremos possibilidades de pesquisa nesta área abarcando as discussões atuais tendo como objetivo estimular pesquisadores/as nesta categoria da pesquisa Histórica visto que evitar o debate sobre o tema reforça a estrutura hierárquica da sociedade e propaga estereótipos, desse modo, colocar em xeque tais discussões, investigar as tramas de poder e saber e os discursos gerados por elas, significa também favorecer a transformação de relações de poder em trocas de convívios mais democráticos e dignos entre as pessoas.
 
Palavras-chave: Gênero, Corpo, História
 
 
MC 6 -  HISTÓRIA DAS DOENÇAS, DOENÇAS NA HISTÓRIA
 
Rafael Nóbrega Araújo (PPGH/UFCG)
 
Este minicurso pretende problematizar o debate em torno da doença como um objeto de estudo da História. A compreensão do fenômeno mórbido como um fato social, permite depreender que sua existência depende da sua relação com a dimensão do tempo e do espaço, bem como das características de grupos sociais e indivíduos acometidos pela morbidade. Busca-se retificar a historicidade das doenças ao demonstrar as conexões e articulações entre a ordem social e as condicionantes biológicas que giram em torno das enfermidades, bem como correlacionar o fenômeno mórbido com processos culturais, sociais, políticos e econômicos mais amplos. As doenças permitem ainda acessar as razões e emoções, enfim, as sensibilidades elaboradas diante das adversidades patológicas que assaltaram os corpos de homens e mulheres no tempo. Tenciona-se também discutir a diversidade de fontes que compõe o escopo documental para realizar um estudo historiográfico das doenças. Compreende-se ainda que em torno das enfermidades, foram construídas práticas educativas no sentido de moldar corpos saudáveis para protege-los das ameaças dos microrganismos.
 
 
MC 7 – PARA UMA HISTÓRIA DA PARAÍBA DO NORTE OITOCENTISTA: ENTRELACES ENTRE HISTÓRIA DA SAÚDE E DAS DOENÇAS & HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO
 
Doutorando Lucian Souza da Silva (PPGH-UFPE)
Mestrando Wuendisy Fortunato da Silva (PPGH-UFPB)
 
O período monárquico é amplamente estudado pela historiografia brasileira, abarcando diferentes perspectivas teóricas, aportes metodológicas, recortes espaciais, temas e objetos de pesquisa. Diante disso, as pesquisas sobre história social da escravidão e da saúde e das doenças, surgem como temáticas consolidadas em tais estudos e que nos servirão de norteio. O presente minicurso objetiva analisar a historiografia sobre os temas apontados, as principais fontes históricas empregadas e as potencialidades de pesquisa, tendo como enfoque a província da Paraíba do Norte. Para os estudos sobre à história da escravidão, os avanços teórico-metodológicos das últimas décadas, têm possibilitado uma renovação de temas e abordagens. Assim, ao utilizar um diversificado corpus documental, tais como: assentos de batismo, cartas de alforria, processos criminais, ações de liberdade, entre outros, foi possível dar voz aos homens e mulheres que vivenciaram a experiência do cativeiro.  Para os estudos relacionados à história daaúde e das doenças, é comum pensar em um primeiro momento que perspectivas como estas inevitavelmente dependem de fontes provenientes de hospitais, assentamentos de óbito, listas de receituários, entre outras. Diante disso e frente aos avanços metodológicos guinados pela historiografia dedicada a estas temáticas, pretender-se-á discutir as múltiplas possibilidades de pesquisa através de fontes históricas diversas como Relatórios dos Presidentes de Província, jornais, etc., objetivando demonstrar que o vasto arcabouço documental para pesquisas relacionadas aos referidos temas no período oitocentista se tornam igualmente viáveis como as costumeiras fontes utilizadas em diversas discussões inseridas no mesmo campo.
 
 
MC 8 – OS USOS DA LITERATURA AFRICANA EM SALA DE AULA: HISTÓRIA, LITERATURA E OUTRAS ARTES DE INVENTAR O PASSADO
 
Antonio Clarindo Barbosa de Souza (PPGH-UFCG)
 
O objetivo deste curso é apresentar aos interessados um pouco da literatura africana e suas possibilidades de uso em sala de aula do Ensino Médio e Fundamental. O curso será desenvolvido em 3 sessões. Uma sobre Mia Couto (Moçambique); outro sobre Chimamanda Adiche (Nigéria) e o último sobre Scholastique Mukasonga (Ruanda). Os três momentos serão divididos conforme as horas destinadas ao Curso. Temas que serão tratados: Colonização e descolonização da África; Guerras Civis e papeis desempenhados pelas mulheres nestas diferentes regiões. Ao final do curso os discentes deverão estar aptos a detectar temas que possam ser trabalhados por seus discentes do ensino fundamental e médio.
 
MC 9 – LEGISLAÇÃO INDIGENISTA NA AMÉRICA PORTUGUESA: ADMNISTRAÇÃO DAS ALDEIAS E AGENCIAMENTOS INDÍGENAS
 
Lana Camila Gomes de Araújo (PPGH-UFCG)
 
A legislação indigenista pode ser considerada dicotômica e confusa em vários momentos do período colonial. A Lei de 1750, por exemplo, proibia a manutenção da escravidão indígena, mas por outro lado, permitia três formas de mantê-la:  resgate, guerra justa e descimento. A legitimação voltava-se para o interesse no trabalho escravo dos povos indígenas, que se inseria na própria dinâmica da administração colonial e ainda estava associada com a atividade desempenhada pelos missionários religiosos nos aldeamentos e vilas de índios. No século XVII, a ordem régia era para que os indígenas fossem livres como qualquer outro homem e que eles vivessem bem. Porém, deveriam ser os mesmos indígenas reprimidos e combatidos, por todos os meios, por suas hostilidades, fundamentando-se na ideia de que os homens e mulheres indígenas eram bárbaros e até mesmo feras. Considerando esses fatores, objetiva-se no presente Minicurso problematizar sobre a legislação indigenista no Brasil Colônia a partir da administração das aldeias e da relação entre os administradores, religiosos e indígenas. A discussão será voltada ainda para os agenciamentos dos homens e mulheres indígenas diante os ditames da administração colonial, através da análise das normas régias e documentos oficiais geridos pelo Arquivo Histórico Ultramarino.
 
 
MC 10 – IMPRENSA E PESQUISA NA PERSPECTIVA DO MATERIALISMO HISTÓRICO
 
Prof. Dr. Luciano Mendonça de Lima (PPGH-UFCG)
Jean Lucas M. Cavalcanti (PPGH/UFCG)
 
Nem sempre a imprensa foi objeto de reflexão por parte dos historiadores. Contudo, desde pelo menos o século XIX (quando a história foi institucionalizada enquanto disciplina acadêmica) os jornais e revistas foram incorporados como objeto e fonte para o trabalho do historiador. Desde então essa presença tem se intensificado, sendo que seu uso tem variado de acordo as temáticas, os contextos históricos e, especialmente, a perspectiva teórico-metodológica empregada pelos pesquisadores. No que diz respeito ao materialismo histórico, o uso da imprensa remonta aos escritos dos seus dois fundadores, K. Marx e F. Engels, adentra o século XX e chega ao nosso tempo presente. Nesse sentido, o objetivo deste minicurso é apresentar alguns apontamentos para o uso e problematização dos periódicos do ponto de vista da historiografia marxista.
 
 
MC 11 – A HISTÓRIA PARA ALÉM DO LIVRO DIDÁTICO: DIÁLOGOS COM OUTRAS FONTES NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO EM SALA DE AULA.
 
Joao Eudes do Nascimento Alves (PPGH-UFCG)
 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tanto aquela já implementada no Ensino fundamental quanto a que está sendo construída para o Novo Ensino Médio, aponta, de maneira geral, para a necessidade de tornar a História uma “ferramenta a serviço de um discernimento maior sobre as experiências humanas e das sociedades em que se vive”. Assim, o ensino de História que se alinha a essa premissa deve contemplar dois pontos importantes, a saber, a capacidade de relacionar o passado com o presente e o desenvolvimento de uma visão crítica acerca dos eventos localizados no tempo e no espaço. Em outras palavras, o aluno sai da condição de mero receptor e passa a ser agente fundamental do seu processo de aprendizagem, à medida que potencializa habilidades como identificar, comparar, contextualizar, interpretar e analisar a realidade ao seu redor com o conteúdo programático. Ademais, dentre as novas estratégias metodológicas sugeridas pela Base está aquela do uso de várias fontes históricas (textuais, visuais, orais), não como substituição do livro didático, mas como agregadoras desse material no processo de construção do saber histórico. Sendo assim, a proposta desse minicurso é a de apresentar algumas fontes/documentos que poderão ser utilizadas no ensino de História para a Educação Básica, sua problematização e aplicabilidade. Tendo como público alvo professores do ensino fundamental II e médio e alunos de graduação, esse espaço não deixa de ser também convidativo à troca de experiências relacionadas ao exercício da docência.
 
 
MC 12 – ETNOHISTÓRIA E MANUSCRITOS: POVOS INDÍGENAS DAS CAPITANIAS DO NORTE DA AMÉRICA PORTUGUESA NA DOCUMENTAÇÃO DO ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO.
 
Ministrantes:
Victor André Costa da Silva (PPGH-UFRN)
Ristephany Kelly da Silva Leite (PPGH-UFRN)
 
O presente minicurso objetiva apontar temáticas de pesquisa sobre os índios da América portuguesa através da documentação do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, que encontra-se disponibilizada on-line no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Esta importante documentação, oriunda do Conselho Ultramarino (1642-1833), instituição criada por D. João IV para organizar a administração das conquistas (Índia, Brasil, Guiné, ilhas de São Tomé e Cabo Verde), no intuito de operar e tomar conhecimento sobre os seus domínios, versa sobre diversos assuntos administrativos, trazendo múltiplas possibilidades de análises e objetos de pesquisa. Deve se levar em consideração que a natureza desses documentos, de cunho administrativo, é bastante variada, sendo em sua maioria: pareceres, requerimentos, assentos, alvarás, consultas, ofícios, despachos, cartas de caráter informativo e afins. A Etnohistória, estudo histórico de povos não-europeus, aqui se apresenta como uma forma de tentar reconstruir o passado das sociedades pré-letradas após o contato europeu, por meio destes documentos, sendo uma perspectiva fundamental para quem decide se debruçar sobre este acervo, tentando perceber as populações indígenas nele. Tendo em vista ser uma documentação produzida essencialmente por autoridades coloniais, o pesquisador enfrentará a dificuldade de identificar corretamente os indivíduos e grupos indígenas. Exigindo, portanto, a apropriação de conceitos e critérios da antropologia cultural e social. Assim, neste minicurso, os esforços serão concentrados em destacar os principais temas que o acervo apresenta em relação à questão indígena, tais como a administração das aldeias indígenas, a chamada Guerra dos Bárbaros, a atuação dos índios no Terço dos Paulistas, questões ligadas à terra e ao trabalho, as ações dos missionários jesuítas, além das relações desenvolvidas após a vigência do Diretório Pombalino. Nesse sentido, é intenção do minicurso reforçar a potencialidade do Arquivo Histórico Ultramarino no que diz respeito aos documentos que apresentem os índios como parte ativa na construção da sociedade colonial. Como metodologia propõe-se: 1) refletir acerca da relação entre a Etnohistória e a análise dos documentos produzidos durante o período colonial nas capitanias do Norte da América portuguesa; 2) apontar a importância histórica da documentação salvaguardada pelo Arquivo Histórico Ultramarino; 3) realizar oficina de transcrição documental, destacando técnicas paleográficas; 4) estimular o levantamento de problemáticas que viabilizem a instrumentalização da Etnohistória, através desta documentação e suas possibilidades e limitações.
 
 
MC 13 - DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO: ESCRAVIDÃO, RELIGIOSIDADE E RESISTÊNCIA ESCRAVA NO BRASIL COLONIAL
                                                                       
Ministrantes
Josinaldo Sousa de Queiroz – (PPGH-UFPE)
 
“Onde houve escravidão, houve resistência”. Com estas palavras, Flávio Gomes e João José Reis (1996, p. 9) definiram uma condição constante na vida dos sujeitos que foram escravizados na África e que, posteriormente, foram deslocados para as várias partes do mundo. O grande fluxo de populações africanas vendidas durante o período do comércio humano transatlântico alterou e reordenou as estruturas socioculturais e religiosas nas Américas. Mediante isso, cabe lembrar que o Brasil recebeu a maior parte destes povos durante sua fase colonial e imperial. Desse modo, aqui se formou um quadro sólido de práticas, costumes e sociabilidades de influência africana, que, em conjunto com outras concepções de mundo, deram início à crioulização no lado de cá do Atlântico. É possível afirmar que as instituições existentes na África, anteriores à diáspora atlântica, mesmo quando recriadas no contexto da escravidão no Brasil, não seguiam as formas originais. Isto implica dizer que não ocorreu uma transposição da cultura e da sociedade africana para a América portuguesa, mas sim uma reelaboração de diferentes sociedades (MINTZ e PRICE, 2003, pp. 25-42). Sendo assim, o presente minicurso tem por objetivo analisar e discutir a inserção de africanos e seus descendentes no Brasil, tendo em vista compreender a formação afrorreligiosa (culto aos Voduns, Nkinsis e Orixás), o sistema escravocrata e a resistência destes sujeitos que, durante quatro séculos, criaram estratégias de enfretamento, no campo físico e simbólico, contra senhores de engenho, autoridades seculares e religiosas.
 
 
MC 14 - GILBERTO FREYRE, O REGIONALISMO E FONTES LITERÁRIAS
 
Mestrando Rayan Fernandes Pereira (PPGH-UFCG)
Mestrando Carlos André Bezerra Soares (PPGH-UFCG)
 
Gilberto Freyre nasceu no ano de 1900 na cidade de Recife, capital do estado de Pernambuco. Mais conhecido pela publicação de obras como “Casa Grande e Senzala” ou “Sobrados e Mocambos”, o intelectual também foi extremamente importante na criação e difusão do chamado movimento regionalista e tradicionalista do Nordeste. O objetivo deste minicurso é analisar e debater como se deu a atuação deste pensador na formação do movimento destacando como este relaciona-se com o contexto sociocultural da região e, consequentemente, da nação como um todo. Ao mesmo tempo em que configurava-se enquanto um movimento político – com direito à criação de um centro em 1924- o regionalismo também oferecia parâmetros para a produção cultural e intelectual de autores das mais diversas áreas como a Sociologia, a História e a Literatura. Neste sentido iremos nos ater, também, às formas pelas quais Freyre expressou a estética e temática regionalista em livros e textos como “O Manifesto Regionalista” (1952), “Nordeste” (1937) e “Açúcar: uma Sociologia do Doce “ (1932) destacando as inovações que o autor empreendeu, neste e em outros escritos, no que diz respeito à variedade e trato das fontes.
 

MC 15 - FONTES HISTÓRICAS, GÊNERO E SEXUALIDADE: NOVOS OLHARES
 
Ministrantes:
Jaíne Chianca da Silva – (PPGH/UFCG)
Rafaela Costa de Azevedo ( PPGH/UFCG)
 
Falar sobre gênero ainda é muito transgressor e urgente, pois envolve discussões que tentam desmistificar os padrões atribuídos a mulheres e homens em uma sociedade que, levando-se em conta as pluralidades, não deve ser limitada por binarismos. Faz-se necessário trazer discussões com esse cunho, na tentativa de preencher lacunas presentes na própria historiografia, cheia de narrativas hegemônicas que invisibilizam e silenciam determinados grupos. Todavia, problematizações recentes têm demonstrado como indivíduos comuns podem ser dotados de narrativas significativas sobre suas épocas, assim como periódicos de determinado período abordam ideias e concepções sociais sobre alguns assuntos de interesse público. O minicurso será voltado para trabalhar com o recorte que envolve lesbianas e transexuais nos anos finais do século XX, utilizando como fontes históricas os periódicos ChanacomChana (1982-1987), Lampião de Esquina (1978-1981) e Mulherio (1981-1988), e as autobiografias Erro de Pessoa (1984) e A queda para o alto (1982). Trabalhar com esse tipo de fonte ainda é visto como novo, numa história marcada por valorizar as fontes de arquivos eclesiásticas e judiciais, por exemplo. Buscamos atentar para o leque de possíveis problemáticas presentes nas fontes periódicas e autobiográficas, com especial atenção para as questões que envolvem indivíduos homossexuais e transexuais. Nesse espaço debateremos estratégias metodológicas para trabalhar com as fontes supracitadas, assim como para conhecer, questionar e refletir acerca da trajetória desses grupos minoritários, há tanto tempo colocados à margem de uma sociedade marcada por discursos de ódio extremamente excludentes.


MC 16 - A HISTÓRIA DA MÍDIA, A MÍDIA NA HISTÓRIA: FONTES E METODOLOGIAS

Ministrante:
Prof. Dr. Roberval da Silva Santiago - UFCG

A Modernidade revolucionou os Meios de Comunicação, a conseqüência disso, mais tarde, frente à consolidação das sociedades nacionais, o conceito de opinião pública ganha importância e status social. O fato é que em pouco mais de quatro mil anos, a comunicação da Oralidade aldeã evolui junto com os registros da Pintura Rupestre para a Escrita Cuneiforme-Pergaminho, passando pelos Relevos Sagrados, ganhando forma com Xilogravura, se reproduzindo com Prensa de Gutenberg, se expandindo com Jornal, se multiplicando com a Fotografia, atingindo longas distâncias com o Telefone, ampliando platéias com o Cinema, formando uma aldeia global com a TV e, finalmente, mundializando a Vida a uma Teia Virtual com a Internet. A proposta do Mini-Curso é a de perscrutar uma análise de estudos indiciários da História Social da Mídia levando em conta a integração da Mídia na História acompanhada dos registros factuais tendo a História na Mídia.


MC 17 - A HISTÓRIA QUANTITATIVA E SERIAL E AS POSSIBILIDADES DE PESQUISA COM FONTES PAROQUIAIS

Ministrantes:
Danielle Bruna Alves Neves - UFRN
Isac Alisson Viana de Medeiros - UFRN

O minicurso objetiva proporcionar aos participantes conhecimentos que lhes permitam explorar as potencialidades que podem ser extraídas, assim como formas de problematização, referentes aos documentos manuscritos paroquiais do período colonial, considerando a importância desta documentação como suporte de informações sobre a sociedade civil de suma importância no campo da pesquisa da História Serial a partir da abordagem Quantitativa. Esta documentação inclui registros de batismo, matrimônio e óbitos, geralmente armazenados em arquivos públicos ou privados, principalmente da Igreja e de ordens religiosas. O historiador, ao trabalhar com estas fontes, se depara com diversos desafios e limitações, como a disponibilidade dos arquivos e das fontes, o estado de deterioração que grande parte deste material se encontra e a possibilidade de uma parcela destes registros terem se perdido. Porém, por meio de sua utilização, é possível trabalhar com diferentes sujeitos, de diversos níveis sociais, de uma sociedade. O estudo das populações em perspectiva histórica, seja por meio da constituição de “séries” analíticas a partir de fontes e a retirada de dados de caráter quantitativo, seja por meio de metodologias que usem o tratamento nominativo dos dados, pode direcionar o pesquisador para diferentes problemáticas que contribuem para o estudo de estruturas sociais em diferentes espaços e temporalidades. Como metodologia o minicurso buscará 1) a promoção de debates acerca da inserção dos registros paroquiais na pesquisa histórica por meio da História Serial e Quantitativa, enfatizando a importância da Escola dos Annales nesse processo; 2) discutir a utilização dessa documentação na historiografia em nível internacional e nacional e, 3) promover oficinas de transcrição e analise documental de registros paroquiais, com o intuito de produzir discussões sobre as possibilidades de utilização dessas fontes a partir da realidade e experiência dos participantes. Espera-se que ao final do minicurso, os participantes estejam aptos a relacionar as ferramentas equivalentes ao campo historiográfico (dimensões, abordagens e domínios) às ferramentas metodológicas (tipos, usos e interpretações de fontes paroquiais) concernentes a pesquisa histórica no período colonial.

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